Ejaculação Prematura

A Ejaculação Prematura, vulgarmente designada de “Ejaculação precoce” ou “Ejaculação rápida”, tende a apresentar-se como a mais frequente das disfunções sexuais masculinas e a evidenciar-se como um dos principais motivos de procura de ajuda na consulta de sexologia.

Estima-se que afecte cerca de 30% a 35% dos homens europeus e norte-americanos e cerca de 11% a 20% de homens portugueses, aproximando-se dos 700 mil casos a nível nacional. É uma problemática global e significativa que requer especial atenção e divulgação, pois embora muitos homens se movam na procura de tratamento, muitos outros hesitam em fazê-lo, ficando retidos no medo, vergonha ou no puro desconhecimento.

Aqueles que chegam à consulta tendem a descrever a sua realidade como uma inconveniente e desagradável surpresa, que não pede licença para aparecer e que se instala sem ser convidada, fugindo ao seu controlo e ditando um fim demasiado rápido aos seus envolvimentos sexuais. Expressões como “é uma questão de segundos”, “parece terminar ainda antes de começar”“é demasiado rápido” e “por mais que eu queira não consigo prolongar” são regularmente escutadas em consulta e frequentemente acompanhadas por de sentimentos de tristeza, frustração e culpa.

A ejaculação tende a acontecer demasiado cedo, surgindo antes, durante ou logo após a penetração, sem que o homem consiga atrasá-la ou controlá-la, e acarretando consequências negativas várias a nível pessoal e relacional. Destas, destacam-se a nível individual os sentimentos de insatisfação e de frustração, que muitas vezes levam o homem a questionar o seu vigor e masculinidade. A angústia por não ter conseguido responder sexualmente como desejaria, a culpa associada à crença de não conseguir satisfazer @ parceir@ e o medo de poder ser criticado por el@ são igualmente marcados, e afectam negativamente a sua auto-estima e auto-imagem masculina. Na maioria das situações, as interacções sexuais seguintes tendem a ser afectadas por factores de ansiedade e exigências de desempenho, que condicionam negativamente a resposta sexual e reforçam as sensações de fracasso e inaptidão, promovendo ainda, consequentemente, um gradual afastamento íntimo e relacional. E é também comum @ parceir@ manifestar frustração e insatisfação, assim como perda de confiança em si e na sua capacidade de dar e obter prazer. A interrupção rápida e indesejada da intimidade tem muitas vezes consequências na resposta sexual d@ parceir@, podendo até determinar o surgimento de disfunções sexuais ao nível do orgasmo e/ou do desejo. A satisfação sexual e a intimidade relacional são claramente afectadas, assim como a satisfação e a qualidade de vida relacional global do casal.

Muitos dos casos que se mantêm ao longo do tempo tendem a advir da repetição sistemática de experiências precoces de masturbações rápidas, e aqueles que se evidenciam após um período de funcionamento considerado “normal”, tendem a relacionar-se mais com questões de ansiedade, frequência sexual, ou existência prévia de outras dificuldades sexuais. Uma acentuada diminuição da frequência sexual, um alargado distanciamento temporal entre os envolvimentos, o início de um novo relacionamento amoroso, a ansiedade perante as primeiras relações sexuais, ou ainda a existência de dificuldades sexuais prévias ao nível da erecção, são os exemplos mais comuns destas manifestações. Um elevado número de casos depende ainda do contexto em que o envolvimento sexual acontece e do tipo de estimulação, ocorrendo com maior frequência perante a presença de outra pessoa e não durante as experiências individuais de masturbação.

Ainda que os factores de origem resultem de uma complexa interacção de agentes orgânicos, psicológicos e socioculturais, os psicológicos parecem evidenciar-se sistemáticamente no surgimento desta problemática. A ansiedade, as expectativas de desempenho, a falta de informação acerca da resposta e da fisiologia sexual, e a aprendizagem desenvolvida aquando das primeiras experiências sexuais, são os exemplos mais comuns destes factores psicológicos. A nível orgânico podem-se destacar os processos inflamatórios e/ou infeciosos da próstata e vesicula seminal, a espinha bífida, a esclerose múltipla, ou a toma de certo tipo de medicação e/ou drogas como anfetaminas, cocaína, nicotina e alguns alucinogénios.

Cada caso deverá sempre ser entendido no âmbito da experiência sexual de cada indivíduo e casal, e deverá passar por uma avaliação global – Médica e Psicológica, na qual se avaliam os factores de origem e de manutenção que lhe são inerentes, no sentido de se poder desenvolver uma resposta terapêutica mais adequada e eficaz.

Se a ejaculação prematura afecta a sua experiência sexual não hesite em procurar ajuda junto de um Médico especialista em Urologia ou Andrologia, e de um Psicólogo especializado em Sexologia.

Desejo Sexual Feminino

Queixas relacionadas com o Desejo Sexual, ou mais concretamente com a sua diminuição ou ausência, são frequentemente escutadas no âmbito da consulta de Sexologia. Expressões como não sinto vontade de me envolver sexualmente, passo muito bem sem sexo” ou “procuro todas as desculpas e pretextos para me deitar quando el@ já está a dormir” são partilhas comuns, maioritariamente feitas por mulheres, e acompanhadas por sentimentos de tristeza e frustração.

Mas desenganem-se aqueles que pensam que esta é uma realidade unicamente afecta ao universo feminino. Queixas semelhantes têm vindo a ser reportadas em consulta por um número cada vez mais expressivo de homens, que se confrontam de igual forma com a diminuição e/ou ausência do seu desejo sexual, e que se julgam frequentemente sós numa problemática que parece “não lhes ser social e culturalmente admitida”.

Mas focando-nos neste artigo particularmente nas mulheres, importa realçar a ampla expressão desta realidade, sendo globalmente apontada como a disfunção sexual mais frequente no universo feminino. A nível nacional, os dados sobre a prevalência das disfunções sexuais femininas, apresentados num estudo conduzido pela Sociedade Portuguesa de Andrologia, indicam no que respeita ao desejo sexual que cerca de um terço das mulheres portuguesas sente falta de desejo.

Algumas destas mulheres poderão mesmo estar perante uma situação clínica que actualmente se designa de “Perturbação do Interesse/Excitação Sexual Feminino” e que anteriormente se conhecia como “Desejo Sexual Hipoactivo”.

E o que é que isto significa? Que existe uma marcada diminuição ou ausência do interesse sexual, de pensamentos ou fantasias sexuais e eróticas, do desejo de se envolver sexualmente e de dar início a esse envolvimento, ou não se sentir de todo disponível para tal envolvimento se for @ parceir@ a convidar, e ainda uma diminuição ou ausência de excitação e prazer sexuais, causando sofrimento e mal-estar significativos.

Convém contudo destacar que a diminuição ou a ausência do desejo ou da excitação e do prazer sexual nem sempre se traduzem em disfunções sexuais. Estamos perante experiências e sensações que resultam de uma complexa interação de factores de ordem biológica, psicológica, relacional e sociocultural, que flutuam ao longo do tempo e que influenciam diferentes respostas sexuais.

Alterações pontuais no interesse ou na excitação sexual são comuns ao longo da vida, e poderão estar relacionadas com factores de stress, tensão ou cansaço acrescidos, não se traduzindo necessariamente numa disfunção sexual. Estados emocionais de ansiedade e de depressão, a toma de determinados medicamentos como alguns antidepressivos ou agentes quimioterapêuticos, os conflitos relacionais no casal, ou factores de ordem hormonal, relacionam-se directamente com a resposta sexual, podendo impactar nela negativamente. Se considerarmos todas as idiossincrasias contextuais com que a pessoa e o casal se depara, e a ausência de interesse e excitação sexual se prolongar no tempo, sendo vivenciada com sofrimento e mal-estar individual e relacional, é fundamental a consulta de um especialista em Sexologia.

No âmbito da psicologia, a resposta de intervenção a este nível passa com frequência pela psicoterapia e pela terapia sexual, trabalhando individualmente com a mulher e sempre que possível com o casal. Em traços gerais procura-se explorar inibições, desmistificar crenças disfuncionais, trabalhar ao nível da intimidade emocional e comunicacional no casal, no sentido de os despertar para a vivência de uma intimidade mais prazerosa.

Cada caso é um caso, e deve ser sempre considerado à luz da sua experiência e vivência individual. Se sente dificuldades a este nível, não hesite em procurar ajuda especializada.

Dificuldades Sexuais ou Disfunções Sexuais? O que as distingue?

No âmbito das problemáticas sexuais, é fundamental esclarecer-se que nem todas as “dificuldades” emergentes se assumem como “disfunções sexuais”. Mas então, como distinguir se estamos perante dificuldades sexuais ou disfunções sexuais?

Sentir, por exemplo, um decréscimo no desejo sexual numa fase de vida particularmente stressante, ou dificuldades de excitação e de orgasmo quando as preocupações do dia-a-dia tomam conta dos pensamentos no decorrer do envolvimento sexual, são situações que quando acontecem pontualmente, não devem ser motivo de grande preocupação. São muito provavelmente dificuldades casuais, comuns à maioria das pessoas, numa ou noutra altura das suas vidas.

Por outro lado, já quando este tipo de dificuldades tendem a instalar-se, surgindo persistentemente ao longo do tempo, causando sofrimento e limitando a experiência sexual, é bem possível estarmos perante uma “disfunção sexual”. E nestes casos é importante proceder-se a uma avaliação cuidada da situação. Clinicamente, a designação de “disfunção sexual” traduz “um problema ou uma dificuldade no âmbito da experiência sexual, individual ou relacional, que se manifesta de forma continuada e recorrente ao longo do tempo, causando acentuado sofrimento pessoal e relacional, e impedido a vivência sexual satisfatória”. Nestas situações, uma avaliação clínica especializada, médica e/ou psicológica, é fundamental.

Convém ainda acrescentar, que mesmo as situações passageiras não estão isentas de poderem ter um impacto negativo, individual e relacional, e comprometer a resposta sexual naquele envolvimento e/ou nos próximos. A forma como as pessoas, individualmente e a dois, reagem à situação e lidam com ela, emocional, cognitiva e comportamentalmente, será determinante na evolução da situação.

Em qualquer dos casos, se sente dificuldades, procure ajuda especializada. No que respeita à resposta médica, consulte o seu médico de família ou médicos especialistas. Se for mulher aconselhe-se com a sua Ginecologista, e se for homem com o seu Andrologista ou Urologista. No que respeita à ajuda psicológica, consulte um terapeuta sexual ou um psicólogo com formação específica na área.

Preciso de um Psicólogo! Como escolho?

Muito embora tablets e smartphones façam actualmente parte do dia-a-dia da grande maioria das pessoas, ainda não vêm equipados com nenhuma tecla de acesso rápido e directo a uma listagem de Psicólogos ou Psicoterapeutas.

E mesmo que essa tecla existisse, facilitando o acesso a todos os técnicos que, por exemplo, trabalham perto do seu local de residência ou dos que dão maioritariamente resposta a problemáticas ansiosas ou depressivas, não deixaria de ter que fazer uma selecção para escolher o seu terapeuta.

Trata-se pois de uma selecção extremamente importante, que deve ser feita com cuidado e rigor uma vez está não só a escolher um especialista em Psicologia, como também a pessoa que irá partir consigo na exploração e aprofundamento do seu sofrimento, a pessoa a quem irá revelar os seus problemas e as suas dores, a pessoa que caminhará consigo rumo ao seu próprio encontro. 

Actualmente é na Internet que muitas pessoas procuram esta ajuda especializada. Pesquisas como “Psicólogos em Lisboa”, “Consultas de Psicologia no Porto”, “Consultas de Psicoterapia” ou  simplesmente “Procuro um Psicólogo” são bastante comuns e muitos são os sites de Psicólogos e de Clínicas que surgem a publicitar o seu trabalho. Aceda a todos os que captaram a sua atenção e explore-os com tempo e atenção. Procure perceber, por exemplo, quem é o técnico e que tipo de trabalho desenvolve, qual a sua experiência clínica e quais as áreas de intervenção a que se dedica. Se surgirem questões, coloque-as via email ou ligue ao Psicólogo, é a única forma de melhor se esclarecer e poder fazer uma escolha informada.

Também nos casos em que é um amigo ou familiar a disponibilizar-lhe os contactos, e se precisa de entender alguma questão sobre a ajuda que lhe pode ser conferida, sobre os valores das consultas, ou sobre o acompanhamento psicoterapêutico propriamente dito, mesmo antes de avançar para o agendamento da consulta, ligue ao Psicólogo ou envie-lhe um email a expor essas questões. Pode ainda pesquisar na Internet se o terapeuta tem uma página profissional, e através dela, complementar a informação que já dispõe sobre ele. Aceder ao site, sempre que exista, conhecer a forma como o técnico se apresenta e apresenta o seu trabalho, e perceber ainda se corresponde ou não às suas necessidades, pode revelar-se essencial no processo de selecção do seu Psicólogo.

Perceber como o processo terapêutico se processa, o que acontece nas consultas, qual o tempo de cada sessão, ou qual a periodicidade de agendamento das mesmas – se semanal ou quinzenal, são questões esclarecidas na primeira consulta. Mas caso fique com alguma dúvida não hesite em partilhá-la, é fundamental que perceba o que se vai passar para se poder envolver no processo terapêutico que se avizinha.

A primeira consulta é ainda determinante para perceber se existe empatia relacional e se existe conforto e segurança com o terapeuta para expressar as suas dificuldades e para se expor. Seguir viagem é aqui decidido e a relação que se estabelece nesta sessão é relevante para perceber se é ou não possível fazê-lo em conjunto.  A relação terapêutica é a pedra basilar do processo terapêutico, e a sua qualidade, a melhor preditora do sucesso terapêutico.